quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Repetição do relógio.

Se eu pudesse escolher as dores, escolheria as da infância. Daquelas que bastava ver a mãe, que imediatamente sarava.

Se pudesse adiar decisões, não adiaria. Se pudesse ou coubesse apenas a mim decidir o cálice das minhas escolhas, certamente passaria por tudo de novo...
E poderia até me transformar em fragmentos após os erros - todos os erros - mas ninguém enxergará meus pedaços no caminho.

Me reconstruo a cada dia, passando por ventos brandos ou enfrentando as mais terríveis procelas... E a cada amanhecer vejo no espelho apenas marcas do que vivi.
E, embora procure as cicatrizes das perdas, elas teimam em desaparecer nos primeiros raios da aurora.

E assim amanhece e anoitece, cotidianamente, no implacável e rígido relógio de meus dias.

Nenhum comentário:

Sou o que me convém ser...

Sou o que me convém ser...