quarta-feira, 22 de julho de 2009

Repassando

Recebi por e-mail, não sei da veracidade do fato, mas, vou concordar com a autora, independente dos argumentos do Díacono - se é que ele respondera - acerca do tema.

Falando um pouco de religião.
Danuza Leão
Matéria publicada na Folha de SP, domingo 15/03/2009.


Eu estudei em colégio de freiras e posso falar de cadeira dos recreios que perdi aos sete, oito anos, ajoelhada no milho na capela, para pagar os meus pecados. Isso não é sadismo em alto grau? Fico tentando lembrar que pecados seriam esses.


Teria falado na hora da aula? Teria comido um pedaço da sobremesa antes do almoço? Teria deixado de fazer algum dever?


E as freiras ainda nos induziam a fazer sacrifícios, tipo deixar de comer uma mariola ou uma paçoca por amor a Deus. Sacrifício, a palavra que define a Santa Igreja Católica. E a missa obrigatória em todos os domingos e dias santificados? Depois disso, igreja, para mim, só em excursão turística - e assim mesmo só algumas.


É possível considerar o desejo sexual um pecado, um orgasmo um pecado, ter relações sexuais, mesmo de casais casados na igreja, sem outra intenção, a não ser a de procriar, um pecado? E ao considerar quase tudo que dá prazer um pecado, não dá para perceber o quanto as mentes católicas são doentes? E malvadas?


Os sacrifícios, tão cultuados entre os católicos - cordas apertando a cintura, debaixo do vestido, até sangrar, eram um grande sinal de amor a Deus. Mas o que deve acontecer naqueles conventos e seminários, com aquele monte de moças e rapazes com seus hormônios explodindo, mas tendo que seguir o sentido contrário ao da natureza para amar a Deus sobre todas as coisas, isso é segredo, e jamais saberemos o que lá se passa -mas minha mão no fogo eu não boto Será que são todos castos?


Dos padres pedófilos se fala um pouquinho, mas logo o assunto é esquecido. E da excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina de nove anos estuprada não vou nem falar, porque tudo já foi dito.


Para a Santa Madre Igreja, quanto mais se sofre mais se tem direito ao reino dos céus. Quem tiver uma doença grave será recompensado, se for cego, surdo, mudo e paralítico, é considerado um santo, praticamente, e ai dos que são felizes, dão risadas e gostam da vida. Estes estão condenados às trevas do inferno.


Para ser um católico de verdade é preciso sofrer, e quanto mais, melhor.
Como têm prestígio as carolas vestidas de preto, com um véu na cabeça e um terço na mão, falando que este mundo está perdido (e levando um pratinho de biscoitos para os padres). Perdido está quem não aproveitou esta vida e nunca ouviu falar em felicidade, pois o que vem depois ninguém sabe direito. Pelo menos, ninguém voltou pra contar.


Mas também me revoltam as invenções praticadas em nome de Deus, das mais banais às mais revoltantes. Quem pode, em sã consciência, jurar amor "até que a morte nos separe?" Quem faz uma jura dessas é hipócrita, porque até as crianças do jardim-de-infância sabem que a vida não é assim.


Mas do que os cardeais gostam mesmo é dos paramentos, das vestes de brocado, dos cálices de ouro, dos tronos incrustados de pedrarias, do luxo das igrejas de ouro, dos quadros mais preciosos deste mundo e de dar declarações absolutamente inúteis, tipo "o papa está muito preocupado com a fome no mundo", como se essa preocupação resolvesse alguma coisa. Esse papa, aliás, que veste Armani e sapatos vermelhos de Prada. Se o Vaticano se desfizesse de metade de seus tesouros, é bem possível que não houvesse mais fome no mundo. Fui batizada, crismada e fiz a primeira comunhão, mas não cheguei ao ponto de me casar no religioso; e não me incomodaria nem um pouco se fosse excomugada_____________________________________________________________________


RESPOSTA

do Prof. Felipe Aquino que enviou a seguinte Carta:

Danuza,


Com muito respeito gostaria de lhe escrever. Que você não se importe de ser excomungada, não me surpreende, falta-lhe o dom da fé; mas dizer que se a Igreja vendesse os seus bens acabaria com a fome no mundo, isso é demais.

Você sabia que o Vaticano é proibido de vender a menor peça do Museu do Vaticano, uma vez que o Direito Internacional o proibe, por ser o Vaticano apenas o guarda disso tudo, segundo o Tratado do Latrão assinado com a Itália, em 1929? Você sabe qual é o tamanho do Vaticano? Resp. 0,44 km quadrados; não cabe nem um campo de aviação. Alias, sabe quantos aviões tem o Papa? Zero. E ele é um Chefe de Estado; existe algum que seja tão carente?

Fiquei arrepiado com tanta bobagem e preconceito que você destilou em sua matéria. Você fala de uma Igreja ( e de colégios) que já não existe, aquela que castiga, que impõe sacrifícios e intimida...O mundo mudou, Danuza.

Como você eu também estudei em colégio católico, salesiano, graças a Deus; e assistia a missa todos os dias, graças a Deus! Com isso aprendi a perdoar as falhas do clero e dos homens: é uma questão de exercício de fé diante do Sacrifício do Calvário... É que nos salva! Você despreza o seu Batismo e a sua Crisma; eu quero lhe dizer que o único diploma que eu tenho coragem de expor na parede do meu escritório, é a minha certidão de Batismo; ele me abriu as portas do céu, me deu a graça de ser membro de Cristo, da Igreja, herdeiro do céu. O resto... vai ficar na terra.

Estudei física e matemática, fiz mestrado na Universidade Federal de Belo Horizonte, e doutorado no ITA em Ciências Aeroespaciais, fiz pós - doc na UNESP; fui diretor de um campus da USP em Lorena, SP, por quase vinte anos, sempre eleito por meus pares. Digo isso para você saber que não sou um ignorante que faz da religião uma fuga; ou da Igreja um escudo de proteção; sou católico convicto.


O que lhe faltou Danuza, infelizmente, foi ter conhecido a Igreja mais a fundo, mais de perto; faltou a você, já que gosta de ler, e a tantos que hostilizam a Igreja -Corpo místico de Cristo - estudar um pouquinho de teologia: cristologia, história da Igreja, escatologia, mariologia, dogmática, exegese bíblica, hermenêutica, liturgia, moral, mística...



Se você, ao invés de se deter nas roupas do Papa, procurasse conhecer ao menos um pouquinho disso tudo; se os seus conhecimentos de Religião não ficassem apenas do tamanho do seu vestidinho de Primeira comunhão, tudo seria diferente em sua vida (tantos maridos, tantas festas...); e você não estaria pisando tanto e maldosamente na Igreja que Cristo fundou para a nossa salvação; mas, ainda é tempo...


O que de melhor seus pais bondosos lhe deram foi pouco, não foi a fé. Procure-a e não a jogue fora. A vida terrena passa, o corpo se extingue, a velhice chega - você sabe disso - a morte se aproxima, mas a alma sobrevive, cuide dela Jesus disse: "de que vale ao homem ganhar ao mundo inteiro se vier a perder a sua alma"?

Com muito respeito e carinho,

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do Amigo

A RAPOSA E O PRÍNCIPE

E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

Ah! desculpa, disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou: Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?

- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem.

- Tu procuras galinhas?

Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços...".

Criar laços?

- Exatamente,disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Começo a compreender, disse o principezinho... Existe uma flor...eu creio que ela me cativou...

- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

Oh! não foi na Terra, disse o principezinho. A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

Sim.

Há caçadores nesse planeta?

Não.

- Que bom. E galinhas?

Também não.

- Nada é perfeito, suspirou a raposa. Mas a raposa voltou à sua idéia:

- Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois,olha! Vês lá longe,os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor...cativa-me! disse ela.

Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olhareipara o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então,estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

domingo, 12 de julho de 2009

Nana Caymmy

Gosto de reler muitas escritas que fiz na tenra idade. Achei isso nas folhas impolutas do caderno de química. Não sei que escreveu lá. Quer dizer, sei sim... (1996)

Eu Te Amo

Nana Caymmi

Composição: Cacaso / Sueli Costa

Seu amor me furta
Seu horror me encanta
Minha vida é curta
Minha fome é tanta

Minha carne é fraca
Minha paz é louca
Minha dor é farta
Minha parte é pouca

Minha cova é rasa
Meu lamento é mudo
Seu amor me arrasa
Sua ausência é tudo

Minha sorte é cega
Sua luz me esconde
Minha morte é certa
Meu lugar é onde

Seu carinho é pena
Seu amor é mando
Minha falta é plena
Minha vez é quando

Eu te amo
Eu te amo...

domingo, 5 de julho de 2009

Linhas expressivas.

Quase um mês sem postar. Tempo que me faltou embora sentindo vontade de sobra em postar.

Li esses dias uma entrevista de Deborah Bloch. Gostei. Humanizou minha visão ao seu respeito (como se ela estivesse preocupada em o que eu penso). Citou a entrevista, uma opinião da atriz acerca de sua jovialidade e suas marcas de expressão. Eis que ela respondeu:

- "Lutar contra o tempo é batalha perdida. É bonito ter suas marcas. Minha expressão traz a minha história".

Legal essa visão. E também concordo - pelo menos em parte - com essa sentença. Acredito que as marcas que carregamos evidenciam muito aquilo que vivemos. Sábiamente existe a Natura, a Nívea, a Avon... Essas marcas garantem atenuar as sofridas marcas, para que não seja preciso enfrentar o bisturi. OLHA A FACA!


Sou o que me convém ser...

Sou o que me convém ser...