terça-feira, 27 de março de 2012

Querido Diário - Eu traumatizei...

Petrolina, cercania das terras dos Cancões, tarde amena de julho de 1983...

Querido Diário.

Muitas vezes os adultos acham que nós, crianças, não carregamos durante toda vida, fatos marcantes, que dependendo do prisma, vão tatuar nosso subconsciente por toda existência.

Naquele sábado, nossas mães foram como de costume, fazer compras no comércio. Vale registrar que comprar com minhas tias era sempre uma odisseia na Souza Junior. Os sobrinhos ficavam então na Casa da Rua, também conhecida como Embaixada do Iraque, sob o olhar atento de nosso avô Maneca. Nossa tia Pilba nos chama para irmos visitar o mausoléu da família, onde repousava em merecido descanso, o despojo mortal de minha vó Leo, emparelhado com o mausoléu de minha Bisa Mônica e demais parentada em eterno descanso.

Crianças com menos de 10 anos de idade, fascinam-se por tudo que é exótico, logo, o campo dos mortos não seria diferente. Michael Jackson com Thriller estava no auge, tinha passado no Fantástico e as especulações em torno de um cemitério povoavam nossa mente em constante excitação.

Na entrada do cemitério, fomos obrigados por tia Pilba a seguirmos em fila indiana e esse foi o primeiro problema, já que ninguém queria ficar no fim da fila, tendo em vista ser ela, Pilba, a guia que ocupava o 1º lugar da organização. Eu, pra variar, fui escolhido para fechar esta trilha mórbida.

Após visitarmos os dois túmulos familiares e em joelhos no batente, sob um sol desértico, rezamos Pai Nosso, Ave Maria, Santa Maria, Credo e outra infinidade de cânticos em homenagem aos nossos antepassados, nos levantamos para voltar pra casa. Mas nossa Tia Pilba, muito emocionada e em inexplicável transe graças ao Gardenal e o torrado - mistura que lhe concedia explosiva assunção - nos chama com um olhar madrástico, a segui-la pelo corredor lateral das catacumbas, a fim, sabe-se lá o motivo, de sairmos pelo portão oeste do Campo Santo. 

Neste enredo, nos perdemos dela. O terror tomou conta de nossos olhos e corações. Começava uma batalha de sobrevivência... 
Ao caminharmos por entre as lápides, um dos mausoléus abriu a grade e sai um senhor bêbado e maltrapilho reclamando do barulho. Neste momento, pernas e bundas se encontravam em temeroso balé, já que um morto estava vivo (segundo nossa imaginação). Por gritarmos muito, Pilba que é surda, ouviu e viu nosso desespero lá do outro lado do cemitério e corre ao nosso encontro. Não sabia ela que no meio do caminho havia uma cova. E, incorporando Maureen Maggi, salta por entre as mais humildes residências pós-vida, errando a última por poucos centímetros, enfiando o a perna até o joelho naquela cova...

O medo e o pânico já eram nosso combustível... O cair da tarde prenunciava uma noite próxima, a igreja resolve badalar os sinos marcando 17 horas... e finalmente titia nos arrasta até a saída do cemitério. 

Na porta da saída existe um espaço com grade e uma torneira que Pilba nos fez lavar pés, rosto e pernas, para higienizar nossa aura (sic). Que todos, assustados com a aventura Jacksoniana, atendemos sem pestanejar a voz da experiência. Mas não contávamos com outra surpresa: sob o clima silencioso e sereno do lugar, em uma tarde de sábado, prestes ao coveiro fechar o Campo Santo, me aparece uma galega alta, alva como as camponesas nórdicas, vestida em um longo vermelho escarlate, com um terço na mão direita e uma garrafa de cachaça na outra mão, bradando: Vieram ver tia Leobina, Pilba?

Foi a deixa. Já não havia mais terror e medo. Era aflição, pânico, mijo arrebatamento. Uma torneira quebrada, pernas arranhadas, pequenos hematomas por todos os braços em contato com a grade que só passava um de cada vez, e um coveiro gritando “quem vai pagar a torneira?”

- Pilba também gritava: “eu sou doente, eu exxcuta não...”

E tia Marli perguntava trôpega:
 - Ué? Estão com medo? 
 - E eles não me conhecem?








quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia da Poesia

Entre meios.

E o meio que não se decide,
Se fica a mercê ou ao sabor dos ventos,
Se cria coragem, enfrenta, progride...
Ou se deixa levar por maus pensamentos.

E a roda do dia gira,
Com ela a rotina que no cotidiano havia,
O tempo passando austero, implica:
Em decisões a tomar após a madrugada fria.

Ora, homem tolo que brinca de conhecer,
Entre meios, entre o meio da noite ou do dia,
Bem sabes tu que entre o amanhecer e o entardecer,
A vida só, querendo ou não, gera, move e cria.

Imagem pertencente a (colhida) http://vermelhoxilo.wordpress.com/

sábado, 3 de março de 2012

A mentira é amante legítima da prepotência e esposa fiel da arrogância.

Nesses dias a vida me mostrou alguns fatos que, vez ou outra, nós somos forçados a enxergar. Sou bem tolerante, relevo, até ignoro quando sou magoado. Mas não esqueço... Isso é uma virtude do Escorpiano. Ele não esquece.


Decepções sempre farão parte de nosso cotidiano, não é algo extemporâneo. A maneira de lidar com isso é que se diferencia em cada individuo. E não adianta estimular interrogações acerca do tema, elas são desnecessárias. As pessoas que machucam por muitas vezes agem intempestivamente, baseadas em sua própria arrogância. E existe um provérbio Judaico que ilustra bem isso: “A arrogância é o reino sem a coroa”.

A árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira”. É um belo provérbio Árabe. Martin Luther King também já vaticinou: “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos”. Ou seja, belas afirmações de homens e nações milenares provam qual mesquinho é o homem que decepciona... Mas e quanto a nós, que por tantas vezes somos vítimas e também algozes das decepções? Confúcio registrou que “Entre amigos as frequentes censuras afastam a amizade”, e desta forma que acredito começar a enxergar os outros... Amizade é doação, é respeito, é solidariedade, mas também é educação. Na amizade a única coisa que não é admitida é a mentira. Portanto, se a arrogância e a prepotência passeiam sobre vossos círculos de amizade, tenha atenção redobrada: A mentira é amante legítima da prepotência e esposa fiel da arrogância.


Sou o que me convém ser...

Sou o que me convém ser...