terça-feira, 10 de julho de 2007

As manchas do nosso passado por Flávia Gusmão.


Adoro ler. Lendo eu aprendo mais. Por conseguinte, eu posso ensinar também, afinal, são experiências infinitas e variadas que moldaram meu caráter e minha personalidade, embora nunca - nem textos, nem experiências - mudarão minha essência. Lendo o JC deste domingo, relendo Flávia Gusmão (recomendo a todos meus fiéis amigos a ler também), analisei com afinco o texto: “As manchas do nosso passado” e confesso, tenho quase certeza que ela não criara tal obra, e sim, foi instrumento de psicografia mediúnica hehehehehehehehe (brincadeirinha). Foi prazerosa leitura que me arrancou diversas risadas, e de quebrou, ampliou os horizontes psicossomáticos de minha existência.(. Ah o modernismo em meus textos).


As manchas do nosso passado - Publicado em 08.07.2007


Todos nós já tivemos a tal “mancha do passado”. O meu passado, por exemplo, é um dálmata, com pedigree e tudo. As manchas acontecem nas nossas vidas por causa de um fenômeno tão inevitável quanto deprimente: algumas pessoas o chamam de “carência afetiva”, outras preferem o termo “vacas magras”, outras, ainda, se referem à situação como “estou no maior rato”, “beliscando azulejo” também é uma figura de linguagem muito apropriada, pelo desespero que consegue evocar. Seja lá o nome que se dê, o fato é que, periodicamente, o universo parece conspirar para que nada de estimulante aconteça no plano sexual ou afetivo. Por um espaço de tempo qualquer, que pode variar de semanas, meses e, em casos mais graves, até anos, a pessoa vitimada por esta praga parece ter ficado, subitamente, invisível para o sexo oposto ou o sexo de sua preferência, mesmo que não seja o oposto. Quando isso acontece, nem os nossos bravos operários da construção civil se dignam a levantar a cabeça da argamassa que estejam preparando para nos saudar com um cumprimento muito deles, muito sonoro: um som sibilante que eles fazem juntando os lábios como se fossem assoviar, mas que termina mais parecendo algo sendo sugado através de um canudo, e significa tudo o que a gente precisa ouvir naquele momento: gostosa.

Carente, mas legal.


É nesta fase que a cabeça começa a dar os primeiros sinais de instabilidade – e é também o momento crucial em que abrimos a guarda para que as futuras “manchas do nosso passado” terminem por se instalar pelo tempo em que durar a insanidade, que, felizmente, geralmente é temporária. O sentimento de invisibilidade vai se agrupando aos poucos e disparando vários gatilhos. O primeiro deles é uma conferida na balança que, convenhamos, nunca é exatamente um instrumento muito cooperador. Outros sintomas: começa-se a ler colunas como esta, livros e livros que falam da dificuldade de achar parceiros nos tempos atuais, de como os homens são seres de outro planeta, de como vivemos uma crise de fim de século no que diz respeito a relacionamentos. Tudo isso para nos fazer sentir um pouquinho melhor. Desenvolvemos a crença fervorosa de que os homens têm medo de uma mulher poderosa como nós. Não demora muito e estamos em frente à televisão assistindo ao GNT, agarradas a um “prato de comida para pessoas infelizes”: almôndegas com espaguete a quatro queijos. O fim trágico é coroado quando começamos a procurar no rádio e a baixar na internet “canções que parecem ter sido feita para nós”.


Manchas de cada um.



As manchas do nosso passado farejam momentos de fraqueza como esses. E elas atacam justamente quando resolvemos sair da toca e ir à luta, em busca do parceiro ideal que teima em não aparecer. Num rompante, resolvemos desafiar o destino com uma roupa bacana, num lugar da moda. Ela, a mancha, vai estar lá, à nossa espera. As manchas do nosso passado são todos aqueles homens com quem, sob a luz sóbria do presente, não temos a mínima idéia do porquê de termos ficado com eles. Não são seres desprezíveis, são apenas criaturas que nada têm a ver com nossos anseios. Por exemplo: se você é a pessoa mais avessa do mundo a esse papo esotérico, vai travar conhecimento e manter relacionamento justamente com um sujeito que começa a conversa tentando adivinhar o seu signo, e errando. Nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) você acharia aquilo simplesmente uó, mas, considerando a tal carência afetiva, vai até julgar interessante o tal cavaleiro do zodíaco. Não demora muito e vai terminar, por algum tempo, lendo sobre xamanismo, andando no carro com o adesivo “Bruxa a bordo” e ouvindo Oswaldo Montenegro. Sair à caça em tempos de carência afetiva, acreditem, é o mesmo que ir ao supermercado quando se está morrendo de fome – termina-se levando o que não é necessário.

2 comentários:

Anônimo disse...

É por isso que estouro meu cartão sempre huahuahuahua


Lindo Blog


Douglas
Cps - SP

Anônimo disse...

Menino, eu nunca havia pensado nisso antes kkkkkkk
meu hipercard sempre estourava por causa de fazer compras com fome. Agora descobri que nas baladas é a mesma coisa.... kkkkkkkk

bjus

luciana

Sou o que me convém ser...

Sou o que me convém ser...