segunda-feira, 1 de outubro de 2012

E a saudade é infinita.


Desde ontem estou um tanto à flor da pele. Não sei o motivo. E até sei. Por ser visceral demais, os fatos externos corroboram. Uma reportagem, uma cena, um depoimento... Até a morte de Hebe Camargo ajudou a me fazer mergulhar nas reminiscências... O conjunto de coisas que acontecem ao meu redor acaba, peremptoriamente, mexendo com meu cotidiano. Ser emotivo tem esses lances noiados, é de praxe.

Para completar esse turbilhão de pensamentos que povoam meu raciocínio, quando estou dirigindo gosto de mudar a estação, várias vezes. E daí, colhendo uma frase aqui, outra acolá, vou descobrindo tantas respostas para dúvidas que eu carrego desde a adolescência. Fase essa que teimo em achar que sequer sai. Então, sozinho, no carro, ouço Carl Simon – Coming Around Again - é nostalgia pura, afinal, tudo pode acontecer novamente, e só quem viveu na intensidade que eu vivi sabe reconhecer a representatividade que esses devaneios musicais causam.

Voltando: Muitas rádios da Região Metropolitana, e acredito que de todo Brasil, tem um tal de Especial do Rei Roberto Carlos. Cara, a sensação é forte. É viajar e voltar à infância. É sentir que a felicidade sempre esteve ao nosso alcance, nós, por muitas vezes, acabamos por estragar o que a vida nos dá. Ouvir Roberto me lembra cheiros. Perfumes. Pessoas. Lembro-me de Tia Evanira, lembro-me de meu vô Maneca, de minha vó Ritinha. E lembro que a vida passa, e passa célere demais. E nesse passar ela leva tantas verdades, tantos mitos, tantos objetivos... E sua rapidez insana esconde as cicatrizes que a vida nos dá, marcando indelével e forte, feito aço quente em lombo de rês.

Juro, não quero ir tão cedo. Quero chegar aos 100, se Deus assim permitir. Mas, em cada ano que eu viva, que arranque as melhores gargalhadas, os mais sinceros olhares, as mais fiéis preces, os mais afetuosos abraços. Que eu siga mudando com a vida e que jamais a vida me mude. Que eu possa olhar dentro de minha alma, e aos poucos, reconheça meus erros, vença meus medos, dome meus instintos.

Que o destino, esse camarada impetuoso, traga para meu caminho, todas as escolhas que não fiz. Que as pessoas que cruzaram minha estrada tenham a convicção que deixaram em mim o seu melhor e levaram de mim o meu melhor. E que lá, na frente, corram, se apressem, busquem aquilo que perdeu. Afinal, a gente só perde aquilo que é nosso. E a nossa lembrança e nossa saudade são a promissória não resgatada de um saldo devedor, onde a correção são as marcas implacáveis do tempo.

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Sou o que me convém ser...

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